quinta-feira, 22 de abril de 2010

Expressão através da colagem

Detentor de um talento surpreendente, o goiano João Colagem retorna ao Brasil para exposição de uma súmula do trabalho desenvolvido por ele nos últimos 12 anos em que residiu na Holanda
 

Goiano nascido em Trindade, autodidata e pesquisador das possibilidades que a celulose oferece para a criação um novo universo visual, o artista plástico João Colagem apresenta nesta sexta, a partir das 20 horas, no Adress Hotel, a exposição Ímpar, que reúne os trabalhos realizados nos últimos anos em seu ateliê em Roterdã, na Holanda, onde reside desde 1997. Lá, o artista desenvolve pesquisas e trabalhos embasados na história da arte e da cultura holandesa, já tendo participado de diversas exposições e premiações de relevância mundial. Seu regresso à Goiânia deveu-se ao convite do ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (Sectec), Joel Sant'Anna Braga Filho, e da produtora cultural Kátia Barreto, que fizeram questão de sua presença no lançamento do livro Telas da Alma II - Pincéis que tocam Goiás, do escritor Alysson Assunção. Aproveitando a estada, o artista realizou exposição individual no evento de inauguração da galeria de arte do Teatro-Escola Basileu França e da abertura da temporada artística da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás.

Para a noite desta sexta, João preparou muitas surpresas e novidades para os apreciadores de seu trabalho. "A partir das 8 horas, eu e a Kátia Barreto estaremos recepcionando os convidados, e por volta das 8h30 daremos início a uma surpresa especial para nossos visitantes. Preparem-se", adiantou o artista.

Em entrevista ao DMRevista, João falou da obra na qual está envolvido há cerca de cinco anos, concebida como uma tríade, formada pelos braços esquerdo e direito e por um eixo central, que simboliza o proprio âmago de seu autor. "O projeto Resgate da Memória Perdida é considerado o braço direito, e consiste em uma série de oficinas de arte e colagem voltada para crianças, adolescentes e arte-educadores. Iniciado em 2006, o trabalho concretiza a proposta de intercâmbio cultural com artistas holandeses e tem como foco o despertar criativo e a estimulação da dinamização intelectual dos jovens para expressão individual ou coletiva", explica o artista, que em 2008 realizou a primeira mostra deste projeto na Câmara Municipal de Trindade. Programada para durar quatro semanas, a exposição precisou ser prorrogada devido à enorme visitação. "Conseguimos trazer 200 crianças para o projeto, e com a primeira mostra, que teve mais de 1500 visitantes, ficou clara a aceitação e o interesse despertados na comunidade", comentou.

Já o braço esquerdo foi iniciado ainda em 2005, tendo como principal objetivo agregar valores visuais diferenciados através da troca intelectual e criativa de diversos artistas. Batizado de Colagem Coletiva, o projeto reuniu os holandeses Gerald de Bruin, Michele van Dijk e Annet Scholten, que juntos embarcaram com João no desafio da busca pela inserção de diversas linguagens e visões em um único corpo, unindo valores por uma ação essencialmente coletiva. "Me admirei com o dinamismo, organização, disciplina, pontualidade e interesse pelo coletivo presentes nos artistas holandeses com os quais trabalhei. E estes são aspectos profissionais que abrangem e engrandecem as diversas linguagens no segmento das técnicas de colagem, como animação, ilustração e instalação. Atualmente, a Colagem Coletiva já conta com currículo internacional, entrando agora em sua 8ª edição com participação de goianos como Alana Morais, Wemerson Dhamasceno, The Alves e André Bragança. Já recebemos a proposta de um galerista para execução de uma mostra internacional que se transformará em um grande festival de colagem em Roterdã", adianta João.

Enquanto os braços direito e esquerdo se focam no social, humanitário e coletivo, o eixo central é o própria essência de João Colagem, aliando a percepção funcional na execução das mostras com a estabilidade de sua pessoa enquanto artista. "O eixo central é a minha fé, minha cosmovisão e concepção de mundo. Adquiri, com o passar dos anos, o entendimento de que os canais de interpretação podem passar pelo racional, intelectual e emocional no momento de captação de ideias que fluem do universo criativo. Dessa forma, a mostra Ímpar não é individualista, mas sim uma partícula que integra o todo. Não é estagnação, pelo contrário, consiste na associação para um bem que é coletivo, na singularidade de cada componente deste coletivo", afirma.

O acervo da mostra vem sendo trazido ao Brasil há cerca de cinco anos, e atualmente já conta com cerca de 40 obras calcadas em diversas linguagens visuais. "Os trabalhos foram escolhidos explicitamente para mostrar ao público brasileiro o processo pluralista das composições, dando ao espectador a possibilidade de ver, sentir e comparar o salto que a técnica agregou à minha trajetória nos últimos 12 anos", comentou.   

Após a mostra, realizada exclusivamente na noite do dia 23, o artista retorna para a Holanda para a execução de algumas xposições, porém, as obras expostas serão deixadas aos cuidados de Kátia Barreto, que representa oficialmente o nome de João Colagem em Goiás. Sua ausência de 12 anos criou um filão de mercado, aumentando a demanda por seus trabalhos, motivo pelo qual muitas das obras da mostra já terem sido comercializadas antes mesmo de sua inauguração. Quem tiver interesse em conhecer o trabalho do artista ou adquirir uma de suas obras pode entrar em contato com Kátia pelo fone 9611-3762.

O novo site do artista (www.colagem.com) já está disponível para visitação, porém, somente na língua holandesa. "Em breve estaremos lançando o site em inglês e português, mas enquanto isso não acontece, os brasileiros podem conhecer meu portfólio através do endereço virtual", afirmou.

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